segunda-feira, 21 de maio de 2012


Há 100 anos nascia Dix-huit Rosado

 
A Prefeitura de Mossoró promove exposição, no Memorial da Resistência (Avenida Rio Branco), para comemorar o centenário de nascimento de Jerônimo Dix-huit Rosado Maia, homem público que representou o Rio Grande do Norte como deputado estadual, deputado federal, senador da República e presidente do então Instituto Nacional do Desenvolvimento Agrário (Inda), atual Incra. As comemorações do centenário resgatam a história de Dix-huit, três vezes prefeito de Mossoró, terra à qual ele declarava seu amor.

 Político e gestor, Dix-huit usou com facilidade o dom para a comunicação com as massas. Utilizou as ferramentas acessíveis no tempo em que viveu. Propagou suas ideias nas páginas do Diário de Mossoró, de curta existência; nas ondas da Rádio Tapuyo de Mossoró (atual Rede Potiguar de Comunicação – RPC), emissora de sua propriedade; no frontispício de extinto Cine Teatro Cid (hoje Teatro Lauro Monte); nos espaços públicos e nas tribunas da vida. Empregava por vezes uma linguagem tida como rebuscada, ao que rebatia dizendo que o povo compreendia seu discurso.



 Nos seus pronunciamentos, valia-se de uma variedade de recursos para atrair a atenção de sua audiência. Entre elas, nominava as profissões numa extensa lista que incluía, por exemplo, “enfermeiros, médicos, camareiras, lavadeiras de roupa, motoristas de taxi, caminhoneiros, vendedores, capoteiros, gráficos, garis, açougueiros e catadores de cavaco chinês”. Dix-huit elogiava repetidas vezes a esposa dele, Naide Rosado, para, em seguida, enaltecer de uma forma geral as mulheres mossoroenses. Quando as encontrava, pessoalmente, costumava ser cortês, beijando-lhes as mãos.



Amor, paixão, obsessão




Na recorrente exaltação ao potencial de Mossoró e na autopromoção de sua obra, referia-se à água “mineral-termal-crenoterápica” que, segundo ressaltava, tinha propriedades curativas e era uma realização sua através da perfuração de poços profundos. Procurava dar um realce às ações administrativas como a construção do “Cemitério Novo”, edificado com “milenar calcário calcítico”.

O décimo-oitavo filho de Jerônimo Rosado se autodenominava o burgomestre, o velho alcaide de Mossoró, cidade à qual declarava um forte sentimento. “Não é amor, não é paixão. É obsessão”, frisava, recorrendo a uma conhecida música.

Em falas ao público, Dix-huit se orgulhava de um dia ter cruzado fronteiras, representando o País, e de ter “apertado a mão de Mao (Tsé-tung), antes de (Richard) Nixon, numa referência ao líder comunista chinês e ao ex-presidente dos Estados unidos. “Vi a China. Tinha vontade de conhecer o povo que descobrira a pólvora, inventara a bússola e sabia mais do que nós”.

Numa expressão peculiar à sua linguagem, Dix-huit Rosado prenunciava a própria morte: “quando completar o ciclo do carbono”, dizia, referindo-se ao processo em que o homem nasce, cresce e morre, e sua matéria se decompõe, voltando a alimentar a natureza.

Independente de sua ideologia, Dix-huit Rosado é um personagem que merece um estudo. Um rico objeto de estudo, inclusive considerando a facilidade para a comunicação, mesmo numa época em que não tinha acesso às ferramentas dos dias atuais, como Internet, sites, blogs, Twitter, Orkut e Facebook.


Saiba mais





Dix-huit Rosado se orgulhava das mil obras realizadas, só na segunda administração. Ao longo da trajetória política, criou a Escola Superior de Agricultura de Mossoró (Esam), atual Ufersa, construiu o Abatedouro Frigorífico Industrial de Mossoró (Afim) e realizou a tricotomização do Rio Mossoró. A obra diminuiu o risco de enchentes, principalmente no centro, Bairros Ilha de Santa Luzia e Paredões.




Palácio da Resistência





O ex-prefeito Dix-huit Rosado incorporou ao patrimônio do município os prédios onde funcionam o Palácio da Resistência (Poder Executivo) e a Secretaria da Tributação, que integram o Corredor Cultural, também idealizado por ele.



Secretaria da Tributação




Foi numa gestão de Dix-huit que a Prefeitura adquiriu o terreno onde fica localizado o Ginásio Pedro Ciarlini, à época, denominado de Praça do Povo.

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